Panorama do Mercado de Soja e Milho em 24/09/2025 - Análise e Preços
Confira o panorama do mercado de soja e milho,preços nas principais praças, impacto da suspensão das retenciones na Argentina, colheita do milho no Brasil e relação de troca com fertilizantes no Paraná.
O mercado de grãos segue travado nesta quarta-feira (24), refletindo a dificuldade de aproximação entre compradores e vendedores em importantes praças do País. Enquanto produtores mantêm pedidas firmes, as indústrias e tradings têm encontrado limitações de margem e aproveitam sinais externos de pressão, sobretudo no caso da soja, após a decisão da Argentina de suspender temporariamente as retenciones (impostos de exportação).
Mercado da Soja
Em Cascavel (PR), a comercialização iniciou a semana com vendas pontuais. As indústrias indicam R$ 132/saca CIF, com entrega e pagamento em 30 dias, enquanto tradings trabalham com R$ 136/saca CIF Porto de Paranaguá. Do lado do produtor, as pedidas seguem acima: R$ 137/saca para indústrias e R$ 142/saca para tradings.
Segundo corretores locais, “a indústria já corre atrás de volume, mas não tem margem para pagar acima do que indica, e o produtor não está disposto a ceder”.
Em Dourados (MS), a disputa permanece travada. Indústrias e tradings ofertam R$ 125/saca FOB, com retirada imediata e pagamento no fim do mês, mas vendedores esperam indicações a partir de R$ 130/saca.
No caso da safra 2025/26, os negócios também evoluem lentamente. Em Paranaguá, compradores propõem R$ 130/saca (fevereiro/25) e R$ 128/saca (março/25), CIF porto, enquanto vendedores buscam valores acima de R$ 130/saca FOB. Já em Dourados, propostas aparecem a partir de R$ 114/saca FOB para retirada em fevereiro e pagamento em março/26, mas vendedores pedem pelo menos R$ 120/saca.
O cenário externo adiciona pressão: a Argentina anunciou a isenção temporária das retenciones até o fim de outubro, o que amplia a concorrência no mercado internacional e repercute sobre as paridades brasileiras. Em Chicago, os contratos de soja abriram o dia em leve queda, após ganhos na sessão anterior, refletindo ajustes de posição e impacto da notícia argentina.
Mercado do Milho
A comercialização de milho também se mantém pontual. Em Cascavel (PR), as indústrias oferecem R$ 62/saca CIF (30 dias) e, para exportação, as tradings trabalham entre R$ 64 e R$ 65/saca CIF Porto de Paranaguá, com entrega em outubro. Do lado do vendedor, há disposição em negociar a partir de R$ 58/saca FOB, mas de forma seletiva.
Em Dourados (MS), o ambiente é ainda mais desafiador. Compradores reduziram em R$ 1,50/saca as ofertas, trazendo indicações de R$ 52–53/saca FOB, retirada imediata e pagamento no fim do mês. Vendedores, entretanto, pedem entre R$ 55 e R$ 70/saca. “O mercado está nesse patamar há um bom tempo, e a tendência é de mais queda nas ofertas de compradores, já que as indústrias podem forçar a redução dos preços”, afirma Amarildo Palma, da GD Corretora de Grãos.
Para a safra de verão 2025/26, as tradings indicam R$ 51–52/saca FOB, com retirada em julho e pagamento em agosto/26, mas sem registro de negócios até ontem.
De acordo com a Conab, a colheita da safra de milho de inverno 2024/25 atingiu 99,6% da área nacional, avanço de 0,5 ponto em relação à semana anterior. No Paraná, os trabalhos já alcançam 98%, próximos da conclusão total.
Em Chicago, os futuros do milho trabalham nesta manhã com pequenas variações, após fecharem em alta na sessão anterior, apoiados por relatos de vendas externas dos EUA. O câmbio em torno de R$ 5,28/US$ ajuda a suavizar as paridades nos portos.
Análise e Perspectivas
O dia começa com um claro descompasso entre vendedores e compradores, tanto para soja quanto para milho. O produtor mantém postura defensiva, sustentado pela relação de custos e pela expectativa de melhores oportunidades, enquanto o comprador, diante de margens reduzidas e maior disponibilidade de grãos (especialmente no milho, com colheita praticamente concluída), busca impor preços mais baixos.
No curto prazo, os movimentos da Bolsa de Chicago, a volatilidade do câmbio e a efetividade da medida argentina sobre as exportações de soja devem ditar o tom do mercado. No milho, a conclusão da colheita da safrinha e a ausência de novos fatores altistas reforçam a seletividade dos compradores.
Fertilizantes e Relação de Troca no Paraná
Na região Oeste do Paraná, os preços dos fertilizantes permanecem firmes. O cloreto de potássio (KCl) é cotado em torno de R$ 3.250/t, o MAP em R$ 3.950/t e a ureia em R$ 2.250/t.
A relação de troca se mantém desafiadora:
Soja: aproximadamente 27 sacas para adquirir 1 tonelada de MAP.
Milho: cerca de 63 sacas para a mesma tonelada.
Esse quadro exige cautela e planejamento dos produtores, que devem considerar oportunidades de barter ou travas de insumos atreladas à produção futura.
Conclusão
O panorama desta quarta-feira indica um mercado travado, com compradores buscando testar níveis mais baixos e vendedores mantendo firmeza nas pedidas. A combinação entre fatores externos (Argentina e Chicago), internos (colheita avançada do milho) e macroeconômicos (câmbio) será determinante para o ritmo dos negócios nos próximos dias.
O mercado de grãos segue travado nesta quarta-feira (24), refletindo a dificuldade de aproximação entre compradores e vendedores em importantes praças do País. Enquanto produtores mantêm pedidas firmes, as indústrias e tradings têm encontrado limitações de margem e aproveitam sinais externos de pressão, sobretudo no caso da soja, após a decisão da Argentina de suspender temporariamente as retenciones (impostos de exportação).





















