Panorama do Mercado da Soja e do Milho - 28/07/2025

Mercado travado, frete em alta e dólar volátil exigem estratégia e cautela no agro.

Panorama do Mercado da Soja e do Milho - 28/07/2025
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Panorama de Mercado de Soja e Milho – 28/07/2025

A última semana de julho encerra com mercados de soja e milho travados nas principais regiões produtoras do Brasil. Fretes disparando, dólar oscilando, Chicago pressionada e oferta interna retraída desenham um cenário que exige prudência e planejamento fiscal e logístico por parte dos produtores e compradores.


Mercado da Soja: liquidez travada, frete alto e Chicago pressionando

O mercado de soja segue com baixa liquidez nas praças de Rondonópolis (MT) e Ponta Grossa (PR), mesmo com tentativas de avanço por parte das indústrias. No Mato Grosso, compradores oferecem R$ 126 a R$ 127/sc FOB, mas os produtores mantêm pedidas firmes de R$ 130/sc, o que paralisa as negociações. Já no Paraná, houve negócios pontuais entre R$ 136 a R$ 140/sc FOB, com pagamento rápido e embarque para setembro/outubro. Porém, a queda do dólar e dos contratos em Chicago esfriou o ímpeto comprador.

Além disso, a logística virou o principal entrave, com o embarque simultâneo de soja e milho comprometendo a disponibilidade de caminhões e elevando os fretes rodoviários em até R$ 20/t. Há relatos de filas em portos e dificuldades em armazéns locais, com atraso na movimentação das cargas.

No mercado da safra 2026, o comportamento é semelhante. Em Rondonópolis, produtores pedem R$ 116/sc, enquanto compradores indicam R$ 112/sc. A disputa por prêmios também está acirrada, com vendedores buscando 20 cents/bushel e a indústria oferecendo 19,5.

Cenários de preço estimados (ago-set):

  • Base: R$ 127–128/sc (MT) | R$ 132–133/sc (PR)

  • Otimista: até R$ 135–137/sc com frete cedendo e dólar estável

  • Pessimista: R$ 124–126/sc se Chicago romper os 980 ¢/bu para baixo

Recomendações táticas: segurar vendas abaixo de R$ 128 (MT) e R$ 132 (PR); para 2026, travar 20-30% com calls de proteção e usar hedge cambial. Evite antecipar imposto sobre receita futura.


Mercado do Milho: frete trava escoamento e produtor segura oferta

O milho não vive realidade diferente. Em Ponta Grossa (PR), o mercado spot tem indicações de R$ 60 a R$ 61/sc FOB, e R$ 62 a R$ 63/sc CIF indústria, com produtores pedindo acima de R$ 65/sc. A liquidez está fraca e a logística pesa: "O frete virou uma loucura", relata Adriano dos Santos, da SafraSul.

Em Rondonópolis (MT), os negócios giram entre R$ 45 a R$ 46/sc FOB, principalmente com produtores que buscam evitar custos com armazenagem. A safra 2026 está travada com ofertas de R$ 48/sc contra pedidas de R$ 50/sc.

Chicago (dez/25) recuou para 398 ¢/bu, refletindo uma fraca demanda internacional, especialmente da China, e estoques ainda robustos. Ainda assim, o USDA reduziu a produção e os estoques finais nos EUA, o que pode equilibrar o mercado nos próximos meses.

Cenários de preço estimados (ago-set):

  • Base: R$ 46–47/sc (MT) | R$ 62–63/sc (PR)

  • Otimista: até R$ 49/sc (MT) e R$ 66/sc (PR) com frete cedendo

  • Pessimista: R$ 44/sc (MT) e R$ 60/sc (PR) com Chicago abaixo de 390 ¢/bu

Recomendações táticas:

  • Vender apenas excedente, priorizando base acima de R$ 47 (MT) e R$ 65 (PR)

  • Avaliar barter com entrega futura + proteção via opção de compra (call)

  • Para safrinha 2026, travar até 30% da produção com venda flexível

  • Monitorar gestão fiscal: despesas de frete e variação cambial podem ser aproveitadas no IR


Conclusão 

O cenário atual exige visão estratégica, mais do que imediatismo. O produtor bem posicionado financeiramente deve segurar oferta, negociar com inteligência e proteger margens com instrumentos de hedge. Já a indústria, por sua vez, tem uma janela tática para originação futura e barganha sobre basis diante do frete ainda alto.

Atenção: frete, CBOT e dólar serão os três pilares que definirão o rumo dos preços em agosto. Acompanhar esses vetores com precisão é essencial para capturar oportunidades.


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